segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

De que planeta viene?*


Fosse mesmo o futebol arte, ontem, toda a programação dominical estaria dedicada a Garrincha. Pois fazia exatos 25 anos, que morria o maior artista da bola. Sua família – o que sobrou dela – estaria nos programas de auditório vespertinos. A história dos Joãos seria relembrada,assim como, seus feitos, seus títulos, seus recordes, seus gols. Tudo que sua genialidade expressou através da estatística, pois no mundo de hoje, até mesmo a arte está condenada a ditadura dos números.

Seu fim precoce seria lembrado e ele seria comparado a Heleno de Freitas. Pois fosse mesmo o futebol arte, Heleno seria uma celebridade. O jogador que surgiu, cerca de vinte anos antes, no mesmo Botafogo, desafiou a física pelo ar, enquanto Garrincha fez pelo chão. Gilda , como era desdenhosamente chamado pelos adversários, que jamais conseguiram conte-lo, morreu em um hospício em Barbacena, um anos após Garrincha ser campeão mundial pela primeira vez. Vítima da inveja e do descaso que mais tarde matariam Mané.

Garrincha, assim como Heleno, e como qualquer outro gênio, não soube se adaptar a mediocridade da vida trivial. Se apoiou nos excessos para vencer o tédio das regras cotidianas, e nessa luta adquiriu um talento único para jogar bola, além de um vício que o matou em 1983. Esse é o preço que se paga para viver em uma sociedade onde as regras feitas para maioria, são arbitrárias ao ponto de tornar a droga uma alternativa fatal e imediata para os diferenciados.

Se jogasse hoje, Garrincha seria taxado de Bad-boy, Jogador problema ou chinelinho. Seria ridicularizado por Muricy pela sua falta de objetividade, induzido a ter o joelho quebrado por Felipão. Nunca constaria na lista de Dunga. Talvez desistisse do futebol e não nos desse duas copas do mundo. Morreríamos, apoiando o futebol pragmático, e a onipresença maniqueísta da mídia, sem conhecer o jogador mais vencedor da história da seleção brasileira.

Por sorte os tempos eram outros, pouco melhores. E a mídia que apedreja, em vida, afaga - ainda que em demasia - postumamente, ai sim, cedendo espaço para arte. Mas se esquecendo que os artistas não nasceram para dar bom exemplo.

*O título deste Post, foi a manchete de um jornal chileno, após a primeira apresentação de Mané em 1962.

Um comentário:

Unknown disse...

Se o garrincha jogasse hoje, seria transferido para a europa com 18 anos, com seu genio e impeto, estaria smepre envolvido em escandalos sexuais e teria 20 filhos antes dos 25 anos de idade, quando interromperia sua caerreira pq ficou rico, a pobreza sempre foi o aço das pernas tortas, as gingas que tirava da malandragem como quem jingava para salvar sua própria vida, sendo rico não teria molejo, seria infeliz e jamais, jamais beberia até morrer, para a tristeza de seu deleite.