quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Counter Strike e a violênica urbana

Por Tadeu Rabello, o Ombudsman do Blog


Em decisão da Justiça brasileira o game mais popular no Brasil, o Counter Strike, está proibido de ser jogado no país. O jogo trata-se de um simulador de conflitos armados divididos em dois times, os terroristas (que tentam explodir uma área) e os contra-terroristas (que tentam impedir a explosão). Até aí tudo bem, se não fosse a dose exagerada que o jogo emprega, assassinatos a sangue frio, tiros na cabeça e muito sangue na tela.

O jogo causa excitação, principalmente nos mais jovens, que acham tudo isso demais, existem praticantes diários desse game com idade de seis anos, o que torna possível realmente a confusão entre virtualidade e realidade, principalmente em grandes cidades onde assassinatos no estilo Counter Strike são comuns.

Porém, assim que foi lançado, o jogo tem licença concedida do Ministério Público para circular, com uma classificação etária, por considerar impróprio para menores de 16 anos. O que não é cumprido nem por pais deslexos, muito menos pelas centenas de lan-houses que pipocam aos montes por todo país.

O mais estranho é que o que chamou a atenção da Justiça e culminou na proibição do jogo foi uma versão pirata que se tornou mais popular que a matriz. Nessa versão, feita por hacker brasileiros, o jogo é ambientado no Rio de Janeiro, os terroristas substituídos por traficantes e os contra-terroristas por policiais militares. Ao fundo, funks proibidos servem de trilha sonora para a batalha sangrenta, e o Estado cai no chão.

No filme Elephant (2003, EUA, Gus Van Sant), premiado com a Palma de Ouro de melhor filme e melhor diretor no 56 º Festival de Cinema de Cannes, retrata um fato muito similar ao acontecido real na escola americana de Columbine, quando dois jovens incitados por games similares ao Counter Strike compram armas de fogo pela internet chegam na escola e fuzilam geral, entre alunos e professores. O fato é estarrecedor, mas até onde os jogos realmente influenciaram os garotos a este comportamento genocida?

A decisão da Justiça brasileira é de toda forma polêmica, e como toda polêmica acaba de tornar o jogo ainda mais atraente, sedutor e popular. Como se lei funcionasse no Brasil. Acaba de ser lançado o game Tropa de Elite, recentemente os sucessos do audiovisual nacional são enredos que tratam tráfico de drogas e violência urbana, na novel das oito, recentemente a favela da Portelinha foi invadida por traficantes e Antônio Fagundes apareceu com uma bazuca em meio a cena e disparou contra os inimigos, numa das claques mais toscas da história das novelas no Brasil.

Por a culpa da violência juvenil em games é uma força de poder central a desvirtuar do problema que realmente interessa: o grande controle que criminosos possuem nas periferias, que acaba por se estender por toda a sociedade, seja pelas batidas do funk proibido, pelos filmes, novelas, ou por uma vivência que nada tem de lúdica, muito menos virtual.

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