terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Mais uma contribuição do Thadeu....

À promiscuidade do samba


Em tempos que o samba se encontra em perfeito desiquilíbrio de vertentes, Marcelo D2 é aclamado como um bamba de primeira, Roberta Sá sai de um reality show e é nomeada pela Veja "carioca do ano" devido a, adivinhem? Ao samba! Maria Rita não fica atrás e lança Samba Meu, tão dela que nunca deveria ter saído do seu quarto.

Desde que as gravadoras redescobriram o samba, que vivia escondidinho nos subúrbio do Rio de Janeiro, abafado pelos sons metálicos e tecnológicos, há uma confusão do gênero e seu público, que se aloca principalmente longe dos morros agitados de funk e hip hop.

O samba de roda está na moda, vê pelas noitadas da Zona Sul, repletas de batuques de cozinha e outros ziriguinduns, é lógico que comecei essa crônica comum a crítica dura e concisa. Saibam os leitores que foi só uma brincadeira, mas é bom para demonstrar onde a música está nos metendo.

Brincadeira provocada para chamar sua atenção e arrancar-lhe estúpidos elogios a minha mãe, todos esses nomes e condições são só para mostrar que hoje samba dá dinheiro, e a grana é boa.

Tão boa que a MTV me dá um belo presente de Natal, nunca pensei que fosse dizer isso um dia. Está aí nas lojas e camelôs do Brasil o Paulinho da Viola Acústico, com algumas de suas melhores poesias em tantas décadas de samba.

Paulinho esbanja cadencia e principalmente elegância, que sempre foi seu forte. Sambista, vascaíno, criado em Oswaldo Cruz, é um dos maiores portelenses que eu conheço. Teresa Cristina, recentemente, homenageou o grande mestre em um cd duplo de tirar o fôlego, agora está tudo nos acordes da viola e voz do próprio.

Um pouco da intimidade deste ser iluminado está no documentário Meu mundo é hoje, excelente peça audiovisual que desafiou os donos da mídia quando foi lançado no Rio de Janeiro. Esperado que as execuções não passassem de duas semanas em uma casa de cinema alternativo da Lapa, não só por lá ficou por dois meses quanto foi disputar com outras lucrativas vinhetas no Cine Artplex na praia de Botafogo, comandado pelo Unibanco.

Neste filme um fato interessante e que emociona a todos que amam o samba, quando Paulinho conta como compôs Foi um rio que passou em minha vida , seu maior sucesso e verdadeiro hino da Portela.

Diz ele que, na passagem dos anos 60 para os 70 Paulinho fez um belo samba em exaltação a Mangueira, isso sempre foi comum, um compositor de uma escola exaltar outra. Acontece que o fato deixou o pessoal da Portela um tanto enciumado. Paulinho se sentiu na obrigação de escrever um samba à Portela mais belo que qualquer samba que já ouviu ou fez. Foi nesse clima de pressão e amor à sua agremiação que nasceu este samba fabuloso.

No carnaval. A Portela estava pronta para adentrar a Avenida Rio Branco, quando Paulinho, para aquecer os tambores apresentou o refrão foi um rio que passou em minha vida, e me ucoração se deixou levar , a identificação do público foi tanta, que após o desfile com o samba-enredo oficial, os portelenses não se cansavam de cantarolar o samba de Paulinho. A partir daí começou um carreira de sucesso que chega ao século 21 ainda arrancando aplausos, choros e sorrisos.

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