quinta-feira, 17 de julho de 2008

O dia em que me senti brasileiro

Muito pouco me envolvi com a seleção brasileira desde que me tornei louco por futebol. Sabe, sempre ouvi histórias da copa de 70 e 50. A de 50 nunca chegou a ser um trauma para mim, logo em 93, vi Romário depenar os uruguaios e o Botafogo ser campeão vencendo o Peñarol, base da celeste da época. Além disso, o Maracanã cheio e em silêncio, as vezes é lindo.

Já a seleção de 70 era questão de desdém. A doutrina de que Pelé não era melhor que Garrincha era quase unanimidade na minha família. Mas a seleção naqueles anos 90 tinha algo de especial, um sentimento reprimido poderia vir a tona através daquela camisa amarela. Só assim poderia torcer pelo meu ídolo-carrasco, Junior.

Era da ala que queria a cabeça de Parreira, não sabia nada de futebol, mas achava Junior indispensável para a seleção. Ele não foi, e por isso, vi a seleção sempre com descrédito. Não assisti aos jogos (Pelo menos não ao vivo), me tranquei no quarto da minha mãe e ouvi pelo rádio, enquanto jogava futebol de botão.

Durante a final foi diferente, tinha lido sobre um campeonato decidido no cara ou coroa e queria tudo (até a derrota), menos aquilo. Meu pai me tirou esse medo, mas mesmo assim resolvi não ver o jogo, só ouvir. Depois de 90 minutos, desliguei o rádio e, após a prorrogação, decidi sair pela rua. Minha mãe disse não, eu insisti e, como era muito novo, ela foi comigo. Eu, ela e meu primo, que na época tinha 3 anos.

Toda a minha família estava na casa dos meus pais, na esquina em baixo morava minha tia. Meu primo quando mal chegamos na esquina fez uma sonora birra e disse:

Quero fazer toto!

Por sorte, minha mãe tinha chave da casa da minha tia e entramos e eu liguei a tv. Massaro foi pra bola e o maldito sai que é tua Tafarrel funcionou, pela primeira vez na vida. Por superstição, continuei vendo. Até a hora em que o Baggio foi pra bola - na minha cabeça nunca que o ídolo rubro-negro, de lá, erraria – e errou.

Não tinha noção - ainda mais sozinho, em frente à tv, com as luzes da sala apagadas, do que era ser campeão do mundo. A primeira coisa que pensei é que poderia ser o craque rubro-negro daqui, o Junior errando um penalti decisivo a exemplo do Zico.

Pensei; futebol é uma coisa estranha é melhor não confiar nos ídolos, muito menos na massa.

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