segunda-feira, 19 de maio de 2008

As Balas são outras

Quinze dias após o MP proibir a passeata pela legalização da maconha, a Prefeitura de São Paulo obrigou todas as boates a oferecerem água grátis, para seus frequentadores. Não se trata de um avanço no debate sobre as drogas, apenas demonstra que a classe média paulistana tem muito mais força, do que a carioca.

Só irei acreditar que a sociedade realmente evolui no que tange a questão dos dependentes, quando a classe média paulistana lutar em prol dos dependentes de craque. Ou, quando, a classe média (alta) carioca quiser a legalização da maconha, não porque seu dinheiro – através da mesada, dada aos filhos – está indo para o bolso da PM corrupta, e sim, porquê o baseadinho fumado da varanda de seus apartamentos, gera problemas graves na Vila Cruzeiro.

Não se trata de construir um discurso alá Tropa de Elite, mas apenas identificar qual os verdadeiros problemas que a droga acarreta. Muito mais urgente do que evitar constrangimentos no posto 9 ou casos de desidratação na Villa Olímpia, é preciso preservar aqueles que sequer usam drogas, mas que, ainda assim, morrem por ela.

Seja nos morros cariocas, Seja na crackolândia paulistana.

Até hoje, o que se vê de discussão acerca dos usuários, na verdade não passa de uma mobilização da classe média para adiantar o lado dos seus filhos. È uma discussão válida, pois a politica de redução de riscos é urgente.

Mas, mais urgente ainda é o direito à vida daqueles que nem usuário são. Daqueles, vítimas de balas muito menos colorida do que a classe média imagina.

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